Eu tenho ótimas lembranças a convivência com meus avós, padrinhos, tios e primos e hoje percebo a importância disso nas minhas relações atuais, tanto familiares como sociais e profissionais. Conhecer e respeitar rotinas e regras de famílias diferentes, desenvolve várias habilidades, entre elas a de se adaptar e descobrir e curtir jeitos diferentes de lidar com situações e de encarar a vida. Quanto mais as crianças (e adultos) conviverem com pessoas diferentes, mais amplo e rico se torna o repertório social e relacional.
Pense por um momento nas pessoas com quem você teve contato nos últimos dois dias.
Lembre o que motivou cada contato ou encontro e qual papel você estava desempenhando.
Alguns desses papéis são pessoais, como mulher, amiga, mãe, dinda, esposa. Outros são sociais, como sócia de um clube, cidadã, motorista, vizinha. Outros ainda são relacionados à vida profissional, à carreira.
Como você se comporta em cada um deles? E como os interlocutores se comportaram com você?
Durante o dia desempenhamos vários papéis e ter clareza de cada um deles permite que, com consciência, façamos escolhas e tomamos decisões relacionadas aquele papel específico. Quando convivemos com crianças pequenas, é clara a diferença de papéis dos pais, dos avós, dos padrinhos e dos amigos. A responsabilidade de educar, dar limites, é dos pais. Os avós, como você já deve ter ouvido, “são pais com açúcar”, ou seja, têm menos responsabilidade de formação, e mais responsabilidades de contribuírem com a formação de um repertório de atividades e comportamentos diferentes dos pais.
Quando os papéis se misturam, podem surgir conflitos e desconfortos, e é comum nos damos conta dessa confusão por estarmos no meio da situação. Conversar com pessoas de fora, da família, amigos ou profissionais pode ajudar a esclarecer algo, lembrando que pessoas diferentes possuem valores e referências diferentes e, logo, criam expectativas e possuem entendimentos diferentes para uma mesma situação.
Com a variedade de compromissos e atividades do dia a dia pode ser difícil se dar conta dessa mistura de papéis, e agir de maneira inapropriada com quem convive conosco, tanto na vida pessoal quanto profissional. Para mudar isso, é preciso ter consciência, deixar de ser vítima da situação e assumir o protagonismo da sua vida. Mas sem presença, não há consciência. E como ficar ou se manter presente com o filho chorando, a equipe esperando para uma reunião, a loja precisando vender ou a preocupação constante de captar clientes e recursos?
Procurar e manter o foco no presente nada mais é do que fazer, literalmente, uma coisa de cada vez. Ou melhor, pensar uma coisa de cada vez. Ou ainda, viver um momento de cada vez. Se estou trabalhando pensando nas atividades que me esperam em casa, não estou presente. Se estou na academia pensando na lista de compras que estão pendentes, não estou presente. Se estou brincando com as crianças preocupada com a reunião de trabalho amanhã, não estou presente.
Como não existe um botão “desligar” ou “stand by” para os muitos pensamentos que surgem, cabe a cada um de nós decidirmos se mudaremos o foco e a dedicação dos nossos esforços para os muitos pensamentos de surgem ou para o instante que estamos vivendo quando eles surgem. Experimente respirar fundo antes de mudar de ideia, de atitude ou de pensamento e veja se é possível deixar aquilo para depois e aí sim, se dedicar 100% e se permitir viver de forma mais leve.
Por Patrícia Wallau | Coach e Mentora