Nos últimos meses, tenho acompanhado a demissão de vários jornalistas de veículos de comunicação no Rio Grande do Sul. Por ser a minha formação original, e por conhecer muitos deles, minha atenção acaba voltando-se para essa categoria (mas tenho consciência que demissões não acontecem apenas com esses profissionais). Os motivos alegados, em sua maioria, é a adequação financeira e/ou mudanças no projeto onde o perfil do profissional não mais se encaixa.
Seja o motivo que for, uma coisa é certa: a profissão de jornalista, como conhecemos atualmente, está próxima do fim. Na pesquisa Retrabalho, realizada pela Tera e Scoop & Co, 63% dos entrevistados já mudaram de carreira e 53% pretendem fazer alguma transição nos próximos 12 meses. Em 25 anos, 47% das profissões irão desaparecer e, até 2030, aproximadamente 85% das profissões serão novas.
65% das profissões do futuro ainda não existem – Manpowergroup, 2017
Quando me formei, em 1999, a internet engatinhava. Os portais de notícias eram restritos ao Uol e o Terra. Nossos e-mails eram @hotmail.com ou @yahoo.com. As buscas na internet eram feitas no Altavista. Em 2010, 11 anos após pegar meu diploma, o Gmail já dominava os endereços de e-mails, o Orkut tinha nascido e morrido, nos comunicávamos pelo MSN (que nasceu do IcQ) e os telefones celulares já eram smartphones com câmera, microfone e acesso à internet. O Twitter já era uma realidade e as transformações para obter notícias eram nítidas. Ou seja, relatar um fato, passar uma informação para um grande número de pessoas, já não era mais um privilégio dos profissionais de comunicação. Todo mundo era repórter.
Eu, por exemplo, não tive nenhuma disciplina na faculdade que orientasse para o futuro da profissão com a chegada da internet. Aprendi a diagramar um jornal no papel quadriculado e a revelar fotos nas câmaras escuras. Em 10 anos precisei me reinventar para não ser engolida pelos mais jovens, que saíam das faculdades munidos de muito mais conhecimento técnico sobre as inovações que estavam disponíveis. Além de estarem cheios de disposição para trabalhar.
Agora, está acontecendo uma grande mudança novamente. Os ciclos de trabalho diminuíram. Se antes ficávamos cerca de 10 anos em uma mesma atividade ou empresa, atualmente esse número caiu para 8 anos. E a tendência é diminuir ainda mais. Mas tem algo que está aumentando: o número de profissionais que estão desenvolvendo novas atividades e reinventando-se na carreira. Ou criando uma 2ª, 3ª ou 4ª carreira, por exemplo.
Seja jornalista ou não, sua carreira pode estar perto do fim se você não se atualizar. Minha sugestão é, além de cursos técnicos, desenvolva também habilidades comportamentais (soft skills). Mas pense na possibilidade de agregar uma nova carreira ao currículo. Ela pode estar relacionada com sua profissão atual, ou ser criada a partir de um hobby, aprenda a monetizar algo que lhe traz felicidade. Mas uma certeza eu tenho: seguir em uma mesma profissão (ou atividade profissional) do início ao fim da vida, não será mais possível.
A palavra de ordem é REINVENTAR-SE!
Priscila Tescaro é jornalista, especialista em Marketing, Planejamento e Estratégias para pequenos negócios e profissionais liberais. É empresária desde 2012, quando criou sua empresa de consultoria. Já atendeu mais de 40 empresas e profissionais liberais que desejavam organizar e reestruturar seus negócios ou carreiras, além de contribuir na criação de novas empresas ou na definição de novos caminhos para quem deseja mudanças.
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