Carta a uma família recém-nascida | Por: Débora Laks, psicóloga

Hoje, 15 de maio, é celebrado o DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA.

Na coluna de hoje, a psicóloga Débora Laks escreve uma carta para os pais e as mães que acabaram de nascer enquanto família. 

“À família recém-nascida,

Seu bebê acaba de nascer? Parabéns! Um novo mundo se abre e muitas descobertas estão por vir! É tempo de muitas primeiras vezes. Primeiro olhar, primeira mamada, primeira vez que o coração da mamãe parece bater fora do próprio peito.

Um bebê recém-nascido ou pequeno demanda a criação de novos espaços familiares, o nascimento de um pai e uma mãe. Isto mesmo, não se nasce pai e mãe, torna-se com o tempo! A família, que antes era um casal, vai tomando forma no decorrer das experiências diárias.

Não se culpem caso não se sintam preparados de cara! Este pode ser um processo de meses. Conhecer o bebê, entender o que significam os chorinhos e desenvolver um ritmo conjunto de acolhimento, requer um tempo de convivência.

Pegar o jeito da amamentação, do ninar, limpar, acalmar. Quem nos ensina tudo isso? O bebê. O bebê irá mostrar como fica bem para ele cada “atividade” e os pais irão criar o seu jeito de maternar.

Procurem conversar sobre as tarefas e necessidades da família de vocês. Busquem construir o lar a seu estilo e não se preocupem com os palpites. O que serve na casa de amigos não necessariamente irá dar certo para vocês. Não acreditem em fórmulas mágicas: elas não funcionam! O que funciona é dedicação e trabalho duro em prol de acomodar as necessidades de todos. Encontrem apoio em quem se dispõe a ajudar. Uma rede de apoio é fundamental para dividir esta experiência extenuante que é cuidar de um bebê. A dependência dos primeiros tempos demandam uma corrente, já que o cuidado é em tempo integral.

Embora possa ser um lindo momento, com certeza é de uma demanda incessante. Se inicia e finda os dias dando conta dos cuidados com o pequeno e isto pode significar um desgaste. Logo, tenham paciência com o cansaço e as irritações. Muito provavelmente tudo está mais a flor da pele. Estar mais sensível também é comum neste período. Se estranhar, chorar mais que o comum, ter a rotina de pernas pro ar. O contato com o bebê traz à tona os sentimentos mais primitivos: o desespero, o desamparo e a incompreensão. Para entender o que o bebê sente na sua fragilidade, os pais se conectam com todas estas sensações e isto não é fácil!

Ainda que o desafio de ser mãe e pai esteja no topo das prioridades, como tem estado o relacionamento conjugal de vocês? Aos poucos pode ser necessário dar uma atenção especial à relação. Conversar a dois, manter a cumplicidade, o amor e a união nem sempre são tarefas fáceis, mas podem ser revigorantes.

Por fim, e não menos importante, o amor normalmente vai florescendo no convívio. Nem sempre que nasce o bebê, nasce o amor. Pode ser um plantio delicado, que necessita ser regado diariamente para florescer. Possivelmente hoje está menor que amanhã. O amor tende a crescer e, com o tempo, tudo se acomodar. Ah, o tempo e seus milagres!”

Débora Laks é psicóloga graduada pela PUCRS (CRP 07/15330) com experiência em atendimento de adultos, pais-bebês e infantil. Estuda a psicanálise e o psiquismo humano. Especializada em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica de Adultos pelo CELG/UFRGS e Psicoterapia da Infância e Adolescência pelo CEAPIA. 

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